A temporada 2024 do FIA WEC segue entregando grandes corridas. Terceira etapa do calendário, a TotalEnergies 6 Horas de Spa-Francorchamps foi disputada neste sábado (11 de maio) e proporcionou muitas emoções, momentos surpreendentes, nuances e variáveis da primeira à última volta.
A Ferrari AF Corse flertou com a vitória na classe Hypercar e chegou até a despontar como candidata a formar dobradinha, mas riu melhor quem riu por último e a Porsche conquistou a vitória na Bélgica. Desfalcada de Norman Nato, a equipe-cliente Hertz Team JOTA surpreendeu e triunfou com os britânicos Will Stevens e Callum Ilott a bordo do Porsche 963 #12. A marca alemã completou 1-2 com o carro #6 da Porsche Penske Motorsport guiado por Kévin Estre, André Lotterer e Laurens Vanthoor. Antonio Fuoco, Miguel Molina e Nicklas Nielsen terminaram em terceiro com a Ferrari 499P #50, fechando o pódio.
A classe LMGT3 foi muito disputada e até a volta final foi impossível prever o resultado. O brasileiro Nicolas Costa chegou a liderar a corrida, até a última hora viu o McLaren 720S Evo #59 da United Autosports com chances reais de terminar na frente e finalizou a prova em quinto — seu melhor resultado no FIA WEC — correndo ao lado de Grégoire Saucy e James Cottingham. O primeiro lugar ficou com o Porsche 911 GT3 R LMGT3 #91 da Manthey EMA, pilotado por Richard Lietz, Morris Schuring e Yasser Shahin.
Quase sem combustível, o Porsche 911 #92 da Manthey Pure Rxcing, com o trio líder do campeonato formado por Klaus Bachler, Joel Sturm e Aliaksandr Malykhin, ficou em segundo lugar. O top-3 foi completado pelo Lamborghini Huracan LMGT3 Evo2 #60 da Iron Lynx, pilotado por Franck Perera, Matteo Cressoni e Claudio Schiavoni. A BMW M4 #31 do Team WRT, do brasileiro Augusto Farfus, abandonou a corrida depois de o indonésio Sean Gelael ter sido envolvido em forte acidente com o Hypercar Cadillac #2 pilotado por Earl Bamber.
Proton e Iron Dames protagonizam início — Duas punições foram anunciadas na noite de sexta-feira e mexeram com a primeira fila das classes Hypercar e LMGT3. A Ferrari 499P #50, que largaria na pole position, foi excluída da sessão classificatória por ter apresentado peso abaixo do mínimo. O mesmo aconteceu com o McLaren 720S Evo #95 da United Autosports, que largaria em segundo na LMGT3 e teve de sair do fim da fila após a punição.
A prova teve uma largada limpa e foi o primeiro ato de uma corrida que mostrou pilotos muito combativos, como o francês Julien Andlauer, que passou o Cadillac guiado por Alex Lynn na Eau Rouge e passou a pressionar Frédéric Makowiecki pela liderança. Foi o prenúncio de um verdadeiro show de ultrapassagens. Com Sarah Bovy ao volante do Lamborghini Huracan #85, a Iron Dames manteve a liderança na LMGT3 com 12s de frente para o segundo colocado, James Cottingham com o McLaren 720S Evo #59 da United Autosports.
Antes do fim da primeira hora, Andlauer passou Makowiecki e colocou a Proton na liderança, enquanto a Ferrari 499P #51, guiada por Antonio Giovinazzi, deixou o Porsche 963 #6 para trás e assumiu a terceira posição depois de ter largado em décimo. Sarah Bovy já aplicava mais de 30s de vantagem para Cottingham entre os LMGT3.
Com uma hora e meia de corrida, um incidente acabou com as jornadas do BMW M4 #46, então pilotada por Ahmad Ah Harthy e tripulada também por Valentino Rossi e Maxime Martin, e do Porsche 963 #38 de Phil Hanson, Jenson Button e Oliver Rasmussen, em cenário que definiu o acionamento do safety-car. A Ferrari 499P #51 estava na segunda posição, só atrás do Porsche 963 #99 da Proton. Na LMGT3, as ‘Damas de Ferro’ seguiam bem à frente da McLaren pilotada por Cottingham.
Brasileiro na liderança — O longo safety car, acionado para a reconstrução do guard-rail após a batida, neutralizou a diferença da Iron Dames para os demais carros. No momento do pit-stop e da troca de pilotos, a United Autosports fez um trabalho melhor nos boxes e colocou a McLaren na frente depois de Nicolas Costa assumir o volante.
As voltas seguintes trouxeram o duelo entre Nicolas e Rahel Frey. A suíça chegou a fazer a ultrapassagem, mas o carioca reassumiu a liderança na sequência da batalha. Logo depois, Frey superou Costa de forma definitiva para colocar novamente as ‘Damas de Ferro’ em primeiro lugar. Já a BMW M4 LMGT3 #31 conseguiu subir bem no grid na base da estratégia e chegou ao top-5 com Sean Gelael ao volante.
A chance de vitória do Porsche 963 #5 foi pelos ares depois que Michael Christensen escapou na curva Blanchimont e abandonou no momento em que a corrida havia chegado a três horas de duração. Neel Jani mantinha o Porsche 963 #99 na liderança entre os Hypercars, seguido pelas Ferrari AF Corse de James Calado, com a 499P #51 em segundo, e Miguel Molina a bordo da #50 após o carro ter largado da 19ª e última posição na classe.
A sequência da prova trouxe duas grandes batalhas por liderança: na LMGT3, Nicolas Costa pressionou Rahel Frey na batalha entre McLaren e Lamborghini pelo primeiro lugar, enquanto Neel Jani lutou para segurar o Porsche #99 da Proton Competition contra um aguerrido James Calado.
O britânico fez a ultrapassagem e enfim colocou a Ferrari na liderança. Com mais um ciclo de paradas concluído, a Ferrari #51 confirmou a primeira posição entre os Hypercars, e Nicolas Costa tirou proveito da estratégia acertada da United Autosports e reassumiu a dianteira na LMGT3. Por sua vez, a Iron Dames caiu para terceiro lugar após Rahel Frey ser ultrapassada por Morris Schuring, a bordo do Porsche 911 #91 da Manthey EMA. Augusto Farfus, ao volante da BMW M4 #31, já era o quarto, entrando na luta pelo pódio.
Acidente muda história — Antes de fazer mais um pit-stop e ser substituído por Grégoire Saucy, Nicolas Costa foi ultrapassado por Morris Schuring e Rahel Frey. Mesmo em terceiro, o brasileiro ainda tinha chances reais de pódio na LMGT3.
Um forte acidente na reta Kemmel envolvendo o Cadillac #2 de Earl Bamber, que se chocou com a BMW M4 #31, então pilotada por Sean Gelael, levou a direção de prova a acionar a bandeira vermelha. Foi uma interrupção que durou quase duas horas, em situação que mudou a história da corrida.
Quando restavam nove minutos para dar as seis horas regulamentares de disputa, o diretor de prova Eduardo Freitas anunciou, de forma inédita, que todo o tempo de interrupção da corrida seria reaplicado em bandeira verde. Assim, a TotalEnergies 6 Horas de Spa-Francorchamps foi retomada com uma hora e 44 minutos para o seu desfecho, primeiramente sob regime de safety-car antes da relargada com bandeira verde.
Foi a deixa para as equipes aproveitarem o carro de segurança e jogar com as estratégias de pit-stop, o que impactou na luta pela vitória nos Hypercars e na LMGT3 e abriu muitas possibilidades. Se a Ferrari parecia com o triunfo na mão e dobradinha encaminhados antes do acidente, quem assumiu a liderança foi o Porsche 963 #12 da Hertz Team JOTA guiado por Callum Ilott na reta final.
Quase oito horas depois da largada, Callum Ilott e Will Stevens confirmaram uma inesperada vitória para a Hertz Team JOTA. A Porsche completou dobradinha em Spa-Francorchamps com o #6 guiado por Kévin Estre, André Lotterer e Laurens Vanthoor, da Porsche Penske. E a Ferrari completou um pódio de sabor agridoce com o carro que se recuperou depois de ter largado em 19º: Antonio Fuoco, Miguel Molina e Nicklas Nielsen fecharam em terceiro. A definição da vitória na LMGT3 durou até a volta final antes de Richard Lietz, Morris Schuring e Yasser Shahin cruzarem a linha de chegada na frente com o Porsche 911 GTR LMGT3 #91 da Manthey EMA.
Meta atingida — Nicolas Costa conquistou seu melhor resultado no que é ainda o início de trajetória no FIA WEC. E ainda que admita ter esperado mais neste sábado, sobretudo pelas circunstâncias da corrida, o sentimento é positivo.
“Chegamos muito perto do pódio e até mesmo da vitória, então ficou aquela sensação do ‘quase’. Mas [o top-5] era a meta da equipe. Tínhamos certeza de que nosso carro estava pronto para brigar pelas melhores posições, e isso se confirmou”, disse o carioca de 32 anos.
Um dos momentos que Costa destacou foi ter comandado a corrida, na esteira do duelo travado contra Rahel Frey, da Iron Dames. “Foi muito bom ter liderado a prova, e com certeza isso reforçou a sensação de que nosso trabalho está dando resultados, que podemos sonhar com uma vitória neste ano de estreia do carro e meu também neste campeonato, que é muito difícil”, concluiu.
Após a realização da TotalEnergies 6 Horas de Spa-Francorchamps, o Campeonato Mundial de Endurance se prepara para voltar a acelerar na prova de resistência mais emblemática do planeta. Quarta etapa da temporada 2024, as 24 Horas de Le Mans serão disputadas entre 15 e 16 de junho. A corrida será transmitida ao vivo pelo BandSports na TV por assinatura, integralmente por meio do canal no YouTube Esporte na Band, site da Band, no aplicativo Bandplay e também no canal do site Grande Prêmio.
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